No inicio de 1904, uma vintena de moradores da freguesia de Gontinhães, mais tarde designada por Vila Praia de Âncora, cotizaram-se na quantia de 10$000 reis cada um, autorizados pela Junta de Paróquia local, número de moradores que se elevou para vinte e cinco pouco tempo depois, conduzindo ao arranque do empreendimento de arranjo e embelezamento do Monte Calvário.
Esse grupo de pessoas, generosas e bairristas, tocados, é de supor, pelos ideais da república, que então germinavam por todo o País e deixou raízes em Vila Praia de Âncora, estariam longe de pensar que ao arrepio da história e passados cem anos, uma entidade de carácter religioso pudesse, neste momento, duma forma descabida e arrogante, pressionar um órgão democrático, a Assembleia de Freguesia, para que esta última aceite uma troca de terrenos, escandalosamente lesiva para todos os Ancorenses. Os bens de carácter civil são pertença de todos nós, e os do Monte Calvário em particular, pelos traços históricos, culturais, e ambientais que lhe estão associados, devem permanecer sem sombra de dúvida, na alçada da Assembleia de Freguesia - Junta de Freguesia.
Estes órgãos democráticos são representativos de toda a população ancorense e por nós escrutinados de quatro em quatro anos.
O NUCEARTES – Núcleo de Estudos e Artes do Vale do Âncora, defende que o Monte Calvário deve ser objecto de um estudo sério e abrangente, de forma a definir as linhas de orientação futuras que garantam a protecção de todo o património que lhe está associado.
Os equipamentos que existem no local, tais como, o parque infantil, o bar/restaurante e a casa das sessões no 1º andar do edifício, onde se reunia a Comissão de Obras do Monte Calvário, não podem ser negligenciados pela autarquia local, pois em nosso entender, só essa entidade deve zelar com eficácia por estes bens públicos.
As obras avulsas, como o muro à “espanhola”, junto à estrada de acesso ao Calvário, a destruição do púlpito da capela de S. Salvador do Mundo, (ainda não recuperado), o corte de árvores e a destruição do coberto vegetal em algumas áreas do monte, não podem ser toleradas. A Junta de Freguesia não pode fechar os olhos a estes atropelos num local cuja gestão é da sua inteira responsabilidade.
O exemplo de ganância, vindo de quem vem, é claramente um sinal dos tempos. A decadência não é só económica, tem outros contornos. Os mercadores estão onde menos se poderia esperar, não se pode procurar a virtude na multiplicação dos bens materiais. Por isso impõe-se e exige-se que o Monte Calvário seja respeitado por todas as entidades (civis, religiosas, politicas, etc.)
Para os que se levantam à ordem do Sol, há ainda a certeza terrena de que cada nova manhã trás consigo uma frescura nova.
ASSOCIAÇÕES
Liga para a Protecção da Natureza
ENTIDADES PÚBLICAS
Câmara Munic. Viana do Castelo
Dir. Geral Edif. e Monumentos Nacionais
Instituto da Conservação da Natureza
Instit. Port. Património Arquitectónico
INFORMAÇÃO
INTERESSANTE