O país ardeu porque alguém quer que ele arda. Há uma verdadeira indústria dos incêndios em Portugal. Há muita gente a beneficiar, directa ou indirectamente, da terra queimada.
Quando a Organização Mundial de Meteorologia (OMM) referia há uns anos, que as consequências originadas pela redução das chuvas e ampliação dos períodos de seca e consequente aumento da temperatura, iria originar grandes incêndios e situações de rotura ambiental, os responsáveis não fizeram caso, só os ambientalistas se preocuparam com a situação e procuraram a todo o custo que as monoculturas, essencialmente de eucalipto fossem travadas, para que os ecossistemas florestais não fossem destruídos.
Propunham que se fizesse um ordenamento florestal em Portugal.
Embora todos os responsáveis nacionais refiram agora que o combate dos incêndios devia começar com a prevenção, temos de lembrar que diversas ONG chegaram a ser sujeitas a cargas policiais, no fim do século passado, por contestar a expansão da monocultura do eucalipto, sendo na altura a sua plantação até subsidiada pelo Governo.
No entanto, a Quercus - Associação Nacional de Conservação da Natureza, no dia 2 de Agosto, deste ano, enviou uma queixa à Procuradoria Geral da República (PGR) apelando ao apuramento de responsabilidades pelo incumprimento das acções de PREVENÇÃO e fiscalização previstas na legislação, porque não estavam a ser implementadas pelo Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) responsável pela coordenação das acções de prevenção nomeadamente; o planeamento e a gestão de aceiros e a organização do território florestal, situação que foi descurada.
Também referia por seu lado que os municípios, tinham a obrigação legal de elaborar e fazer cumprir o Plano Municipal de Defesa de Florestas Contra Incêndios (PMDFCI) e o Plano Operacional Municipal (POM), o que tem sido claramente negligenciado pela maioria dos municípios nacionais.
Perante o referido acima, parece que de facto quem está em falta com o povo português especialmente com os Bombeiros, são os Ministério do Ambiente e da Administração Interna, que mais uma vez ignoraram a PREVENÇÃO.
O abandono que os responsáveis deste país têm vindo a materializar em relação ao coberto florestal, originou a situação que se vive.
Os culpados não ouviram nem ouvem as ONGs, quando falam em ordenamento florestal
Durante a década de 90, do séc. passado, houve grandes jornadas de sensibilização levado a efeito por diversas ONGs chamando a atenção para as consequências, da monocultura do eucalipto, referindo os seus maleficios:
1 - desde o esgotamento do solo em água e nutrientes, reduzindo a recarga das águas subterrâneas, situação que originou áreas secas, onde o fogo abraça e agradece a inocência da gestão errada duns tantos, que a falta de visão e inteligência não permitiu a quem nos governa, ver as consequências futuras, que originaram a redução da humidade ao nível do solo
Para que este caos reduza é necessário implementar uma florestação que mantenha uma certa humidade do solo, o que obriga a um ordenamento com proliferação de uma maior floresta de folhosas pois ajudam a reposição dos lençóis freáticos e naturalmente vão reduzir o número de incêndios.
É do conhecimento geral que 99% das ignições são iniciadas pelos incendiários dando origem ao terror, insegurança da população, mortes de bombeiros e destruição do património ambiental. É uma onda de terror. O incendiário é um terrorista, que pode actuar isoladamente ou por ordem de alguém, pelo que:
1 - A moldura penal dos crimes de fogo posto, deve ser alterada, agravando as penas;
2 - Proibir rigorosamente todas as construções em zona ardida
3 - Incentivar a limpeza de matas, promovendo o valor dos resíduos, mato e lenha, criando centrais térmicas adaptadas ao uso deste tipo de combustível (ficava muito mais barato do que pagar a aviões para apagar o fogo e a bombeiros)
4 - O Estado, devia ter a sua frota de aviões Cannadair e colocar helicópteros previamente adaptados ao combate de incêndios, em vez de entregarem essa protecção a empresas particulares, que geralmente são estrangeiras.
5 - Devia haver campanhas de fiscalização na estrada para que os condutores de viaturas e seus acompanhantes, que fumam e cuja falta de civismo e inconsciência os leva a lançar os restos de cigarros pela janela fora, fossem devidamente punidos.
Quem circula em estradas de outros países depara com sarjas a alertar para a proibição de deitar qualquer tipo de lixo pelas janelas, referindo o valor das coimas, que vulgarmente são pesadas, no caso de contrariarem a legislação existente. Em Portugal nunca vi.
Conclusão
Se de facto os militares são elementos que nos defendem do inimigo, e considerando os incêndios o inimigo actual, parece-me que:
1 - O Estado devia assumir directamente o combate aéreo aos incêndios o mais rapidamente possível. Comprar os meios, suspendendo, se necessário, outros contratos de aquisição de equipamento militar.
2 - Distribuir as forças militares pela floresta, durante todo o Verão, em acções de vigilância permanente. (Pelo contrário, o que tem acontecido são acções pontuais de vigilância e combate às chamas).
3 - E no Vale do Âncora deviam obrigar os responsáveis da Estradas de Portugal a cumprirem o projecto do ramal de acesso a Vila Praia de Âncora, mandando executar os caminhos paralelos, à referida via, nos locais aonde não os fizeram.
Joaquim Vasconcelos
ASSOCIAÇÕES
Liga para a Protecção da Natureza
ENTIDADES PÚBLICAS
Câmara Munic. Viana do Castelo
Dir. Geral Edif. e Monumentos Nacionais
Instituto da Conservação da Natureza
Instit. Port. Património Arquitectónico
INFORMAÇÃO
INTERESSANTE