Núcleo de Estudos e Artes do Vale do Âncora
Sexta-feira, 16 de Novembro de 2012
A VESPA VELUTINA EM PORTUGAL

A espécie Vespa velutina nigrithorax, também conhecida por "vespa asiática", originária do sudoeste da Ásia foi introduzida na Europa, através do porto de Bordéus (França) no ano de 2004. De então para cá, a Vespa velutina já conquistou 1/3 do território francês e colonizou parte do norte de Espanha, em 2010. Em 2011, no concelho de Viana do Castelo, na região do Alto Minho, a presença da V. velutina foi confirmada, sendo esta área indicada como centro de dispersão da V. velutina em território português. No ano de 2012 já foram detetados alguns ninhos em algumas freguesias do concelho de Viana do Castelo. Esta vespa tem um impacto negativo na apicultura e na biodiversidade. Neste momento é impossível erradicar esta espécie exótica de Portugal, mas desacelerar a sua progressão e diminuir o seu impacto, é uma tarefa possível através da destruição de ninhos e colocação de armadilhas.

 

Ciclo biológico

 

A partir do mês de Janeiro/Fevereiro a rainha fundadora começa a construir um ninho primário. Este ninho é cerca do tamanho de 2 "bolas de ténis" e contêm a rainha e dezenas de vespas obreiras. Durante a Primavera o ninho começa a crescer em número de obreiras, sendo o ninho primário abandonando e construído um ninho secundário. Este ninho secundário é definitivo e bastante maior que o anterior. Devido ao crescimento exponencial da comunidade de vespas, a maior parte dos ataques aos nossos apiários é realizado no inicio do Verão até ao fim do Outono. Este período pode ser mais alongado caso haja temperaturas amenas durante o Outono. Ainda no princípio do Outono dá-se a fecundação das futuras rainhas (rainhas fundadoras) e, quando as temperaturas começam a decrescer (Outubro / Novembro), estas rainhas iniciam a sua hibernação no solo. Nesta altura do ano, todas as obreiras morreram e o ninho secundário está vazio.

 

A Vespa velutina em Portugal

 

O ninho primário

 

Existem 2 tipos de ninhos: o primário (de primavera) e o secundário (de inverno). O ninho primário é construído durante a época primaveril (Fevereiro a Abril). É constituído pela vespa fundadora e algumas obreiras. Situa-se num raio de ±500 metros do ninho de inverno. É um ninho que costuma ser construído em arbustos, no solo e no interior de caves.

 

O ninho secundário

 

O ninho secundário é o ninho definitivo. Na maior parte das vezes é construído nas copas das árvores a mais de 10 metros de altura. O ninho também pode ser construído em algumas árvores de fruto. Este ninho alberga cerca de 2000 vespas e 1 rainha. O ninho não deve ser destruído com armas de fogo. Esta atitude faz com que as vespas fundadoras se espalhem pela zona para produzirem mais ninhos. Devem ser colocadas armadilhas num raio máximo de 1 km destes ninhos para capturar as fundadoras que saem em Novembro e Dezembro.

 

Conforme informação da Associação Apícola Entre Minho e Lima vimos pelo presente divulgar a seguinte informação relativa à existência de uma espécie de vespa exótica no nosso país.

 

A entrada desta vespa é feita por Viana do Castelo, tendo já sido detetados ninhos em Ponte de Lima e provavelmente em concelho de Amares. Também é de esperar a sua identificação em Esposende, visto que já foi detetado um ninho em Castelo do Neiva, a 1 km do rio Neiva..

 

De referir que o impacto negativo desta espécie na apicultura e biodiversidade é elevado.

 

Armadilhas

 

A colocação de armadilhas têm 2 objetivos:

 

1) Captar as vespas fundadoras. Estas armadilhas devem ser colocadas no terreno nos meses de novembro a dezembro com o intuito de apanhar as fundadoras que saem do ninhos secundários. Outra época de colocação é nos meses de fevereiro a abril quando as fundadoras saem de hibernação e procuram locais para os futuros ninhos.

 

2) Diminuir a predação das vespas nos apiários. Estas armadilhas devem ser colocadas nos apiários nos meses de julho a novembro. As armadilhas devem ser colocadas a ± 1 metro de altura em redor do apiário (raio de 5 metros no máximo).

 

O isco pode ser de várias maneiras (cerveja, vinho branco, sardinhas, peixe podre). A colocação de cerveja impede a entrada de abelhas nas armadilhas. Deve ser colocada uma proteção na boca da armadilha para evitar a entrada de água das chuvas.

 

AVISO: O envio de fotografias, de avisos de localização de ninhos, a captação de vespas em apiários, entre outras informações úteis para a monitorização da vespa em Portugal pode ser enviada para os seguintes mails ou telemóveis: Correio electrónico: apimil@sapo.pt Miguel Maia (Técnico): 962 889 512 / 9171 72 854 Alberto Dias (Presidente): 963 150 782 Nuno Amaro (Direção): 961 138 893



publicado por nuceartes às 14:22
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Domingo, 4 de Novembro de 2012
OS COVEIROS DA NOSSA CULTURA

Independentemente do estado em que o país se encontra, o património irá sempre exprimir todo o significado histórico e cultural da presença humana, será sempre um documento que transmitirá às gerações futuras os valores e aspectos significativos da vida e do trabalho daqueles que desbravaram a região, e da sua articulação com o meio.

 

Se não houver capacidade de resistir conscientemente às pressões absorventes da macroeconomia, para assegurar a evolução natural da nossa sociedade, apenas ficará o espólio em alguns museus, e os vídeos etnográficos para recordar o que a comunidade em estudo realizou.

 

Esta introdução tem a ver com a zona piscatória de Vila Praia de Âncora (Portinho), que em poucas décadas foi sujeita a transformações profundas.

 

Seria interessante manter algumas peças como documentos históricos da classe piscatória, que ocupa a faixa litoral de V.P. Ancora há vários séculos, de forma a transmitir a nossa identidade, sendo fundamental que se criassem condições para que sobrevivessem e dignificassem os valores das tradições daquele local, pois, com o prolongamento da avenida para Norte (década 70 do séc. passado), foi demolida a casa-abrigo do salva-vidas "Lagoa", e a embarcação foi deixada ao abandono. Além disso, substituíram os candeeiros existentes na Av.Dr Ramos Pereira, destruindo-lhe a identidade aristocrática, com origem no turismo que de acordo com o livro de Ramalho Ortigão "Praias de Portugal" publicado em 1876, aquele escritor referia na pág.111, que entre as pequenas praias são particular dignas de menção as seguintes:

 

"Âncora, pequena povoação situada entre Viana e Caminha. É dos mais lindos sítios do Minho. Fica à beira da mais bella estrada de Portugal.".

 

Trinta e tal anos depois, em 26 de Julho de 1909, numa revista semanal, "lustração Portuguesa", editada pelo jornal O Século, saia uma reportagem intitulada "Uma linda praia do norte - Âncora", documentada com uma fotografia daquela praia.

 

A notícia referida conjuntamente, com a emissão de diversos postais ilustrados, possivelmente originou uma maior divulgação daquela praia, que há mais de um século é o local preferido de muitas famílias nacionais e estrangeiras para passar as suas férias.

Ultimamente tem sido sujeita a uma alteração do seu enquadramento urbano alterando significativamente a mais antiga estância turística do Distrito de Viana do Castelo, (de acordo com os registos existentes, a partir da década de 70 do século passado, foi sempre afastando o actor principal do seu palco). Afastou-o da sua moradia donde contemplava o mar e o extenso areal. E dum ritual nobre e, multissecular, fazendo a manutenção das suas redes sempre atento ao movimento do oceano, na sua avenida.

 

Agora, contemplam nostálgicos a eliminação do antigo posto de venda das suas pescarias, onde depois das suas alvoradas, ou nas "horas mortas" do dia, narravam os factos de mais um dia duma existência atormentada e incerta, a baloiçar no extenso oceano .

 

Aquele lugar ficou mais recatado, e aquele vai e vem constante, a partir da chegada das traineiras que se enchia de animação e de alegria e transbordava para toda a área envolvente ao portinho desapareceu, com a eliminação da lota. Essa construção que até podia servir como um "centro de interpretação", onde podiam colocar documentação e e fazerem exposições para quem visita aquela área poder ficar mais bem informado, não foi aproveitado e demoliram-no (out. 2012). Possivelmente, dentro de pouco tempo, com "apoio comunitário", surge uma construção para um centro de interpretação próximo daquele local….

 

Vila Praia de Âncora é ainda hoje (mesmo sem bandeira azul) uma das zonas turísticas mais procuradas, no Verão, do distrito de Viana do Castelo. Os responsáveis não deviam eliminar os locais que podiam servir de centros de informação.

 

Não era um edifico de grande valor arquitectónico, nem era uma construção muito antiga (década de 60 do séc. passado), no entanto documentava um local em que os pescadores rematavam o peixe e partilhavam as historias das dificuldades da alvorada passada.

 

Não nos podemos alhear da ocupação humana deste faixa litoral e da forma como as sucessivas gerações aproveitaram os recursos e as alterações que introduziram na estrutura desse espaço ribeirinho, mas com a eliminação de todo este património, é meio "caminho andado" para a eliminação da nossa identidade.

 

È certo que "os cangalheiros" deste País, tornaram-no num "protectorado" europeu ou alemão, em que tudo tem sido vendido, desde a nossa independência económica, à venda das cotas do pescado e das diversas cotas agrícolas, até à venda da "língua com o famigerado acordo ortográfico", negociado pelos "Dr. dos canudos da independente", tudo está a ser negociado. Cabe-nos a nós proteger os nossos valores culturais.

 

Joaquim Vasconcelos

           



publicado por nuceartes às 10:31
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