Vila Praia de Âncora é um pólo de atracção turístico, muito procurado, principalmente no Verão, por milhares de pessoas que se deslocam até à corda litoral para gozarem as delícias de umas férias.
A sua praia é possuidora do galardão de "praia acessível" porque se trata de uma zona balnear, adaptada a pessoas com mobilidade condicionada. Este ano também lhe vai ser atribuída a bandeira azul, situação que muito agrada a toda a população local e a quem procura esta aprazível estancia balnear.
Depois da eliminação dos focos de poluição locais torna-se necessário procurar eliminar os existentes nas margens do rio Âncora, para que a bandeira azul se mantenha durante muitos anos, em Vila Praia de Âncora, como garantia de praia de qualidade. Mas para isso o poder local e nacional, tem de eliminar os focos de poluição que estão a surgir nas margens do rio Âncora. Embora se tratem de casos pontuais, podem destruir todo o trabalho que tem sido feito para erradicação dessa mesma poluição.
Por isso lamenta-se que as suas margens naturais, onde se devia fomentar o desenvolvimento das formações de vegetação rípicola, "nasçam" construções. Embora os deferimentos sejam cheios de condicionalismos, existe legislação que não é respeitada ou então fazem falsas declarações, para que o projecte seja autorizado.
Outros nem sequer apresentam qualquer pedido de autorização, porque consideram desnecessário andar a preocuparem-se com a fiscalização.
É a especulação nas margens do rio Âncora, que nem por estarem integradas na rede NATURA, lhe conseguem proteger as suas margens.
No entanto, seria conveniente que os responsáveis por esses deferimentos tivessem em atenção o que é dito em vários diplomas, que condicionam a ocupação das margens do rio Âncora, e impõem a sua protecção quando referem que nas zonas ribeirinhas, nos leitos dos cursos de água e zonas ameaçadas pelas cheias, " são proibidas as acções de iniciativa pública ou privada que se traduzam em operações de loteamento, obras de urbanização, construção de edifícios, obras hidráulicas, vias de comunicação, aterros, escavações e destruição do coberto vegeta. As margens naturais, devem-se preservar e fomentar o desenvolvimento das formações de vegetação ripícola".
Os responsáveis por esses deferimentos parecem desconhecer que as áreas onde estão integrados esses moinhos, são locais integrados em zona de cheias, e zonas da REN, onde se deve ter cuidados acrescidos para evitar que algum desastre humano venha acontecer.
Essas "mudanças de destino" tem originado uma série de novos focos de poluição pontuais, que individualmente pouco vão poluir, mas analisados conjuntamente vão garantir um peso significativo na poluição do rio Âncora.
E se formos analisar a localização das fossas sépticas dessas construções iremos perceber que a poluição é imediata, porque as fossas encontram-se em leitos de cheia, o que agrava ainda mais os problemas de poluição, porque ao fim de algum tempo, os poços absorventes ficam colmatados, originando o lançamento integral do saneamento nas águas do rio.
Mas a situação torna-se ainda mais gravosa, porque o caudal do rio que é reduzido, fica ainda mais reduzido pela utilização de dezenas de metros cúbicos, umas vezes para a rega, outras para encher piscinas que se encontram em leito de cheias e outras nas suas proximidades. Depois é o despejar daquelas com tratamentos apropriados, que vão sub carregar a poluição do rio. Com o caudal a diminuir e a poluição a aumentar o rio Âncora a qualquer momento poderá chegar à sua foz novamente poluído.
É altura de acabar com a poluição das águas do rio Âncora, pelo que bastará dar satisfação aos diplomas que existem "no mercado", para depois não andarem como os responsáveis mundiais, que chamavam fundamentalistas aos ambientalistas que os alertavam para o "descambar ambiental", e agora gastam-se fortunas para minimizar os efeitos colaterais, que se estão a fazer sentir, com o aquecimento global.
Joaquim Vasconcelos